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70% das amputações de membros inferiores têm como causa o diabetes mal controlado

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Você sabia que segundo estimativas, uma em cada quatro pessoas com diabetes pode ter problemas nos pés ao longo da vida? A polineuropatia diabética (PND), uma complicação que afeta 50% dos pacientes, é o fator causal mais importante para as úlceras nos pés dos pacientes diabéticos. O mais grave é que em 85% dos casos os pés precisam ser amputados. A PND leva a insensibilidade e nos estágios mais avançados, deformidades.

A tríade PND + Deformidades + Trauma são fatores determinantes para o chamado “pé diabético”, caracterizado por ulceração complicada por infecção e que pode evoluir para amputação, principalmente se há má circulação, a doença arterial obstrutiva crônica (DAOP). Outras condições colocam a pessoa em mais alto risco: doença renal do diabetes (DRD), retinopatia diabética (RD), condição socioeconômica baixa, morar sozinho e inacessibilidade ao sistema de saúde.

Principais fatores de risco:

  • Polineuropatia periférica (PND)
  • Deformidades (PND motora/biomecânica – limitação da mobilidade articular)
  • Trauma
  • Doença arterial periférica (DAP)
  • Histórico de úlcera/histórico de amputação

Outros:

  • Doença renal do diabetes (DRD), Retinopatia diabética (RD)
  • Condição sócio-econômica
  • Morar sozinho, inacessibilidade ao sistema de saúde

Essas complicações (PND, DAOP, DRD, RD) estão associadas ao mau controle da glicose. Segundo o Ministério da Saúde, 70% das cirurgias para amputação de membros inferiores (pernas, pé, dedos dos pés) no Brasil têm como causa o diabetes mal controlado: são 55 mil amputações anuais.

Manter a taxa glicêmica sob controle e fazer exames anuais para o diagnóstico precoce da PND são fundamentais para evitar essas complicações, pois metade das pessoas com diabetes pode ter PND sem sintomas. Normalmente a pessoa só se dá conta quando está num estágio avançado e quase sempre com uma úlcera ou uma infecção, o que torna o tratamento mais difícil devido aos problemas de má circulação.
Os sintomas de PND nem sempre são reconhecidos e sabe-se que quase 40% das pessoas não recebem tratamento porque não é feito o diagnóstico. É importante ter atenção e relatar ao médico sintomas como: queimação, formigamentos, dormência, dor (facada, pontada), fraqueza ou fadiga e câimbras. Tais sintomas podem piorar à noite, ao deitar, e melhoram com as atividades. Por isso que não é frequente os pacientes queixarem-se dos sintomas durante o dia.

Pacientes com diabetes tipo 1, a partir do 5º ano de duração, e tipo 2, desde o diagnóstico, devem passar por uma avaliação anual dos pés, que inclui a história e exame clínico simples. Testes neurológicos que podem ser realizados por médicos e enfermeiro treinados – testes de sensibilidade com o monofilamento de 10g e qualquer outro alterado, como a pesquisa de sensibilidade à dor, sensibilidade vibratória e sensibilidade ao frio, e reflexos aquileus – indicam que a pessoa tem risco neuropático de ulceração.

A DAOP afeta 50% dos pacientes com diabetes, mas nem sempre os sintomas de má circulação estão presentes quando há PND em pelo menos 25%. A partir de 50 anos, todos os pacientes devem ter os pulsos dos pés e tornozelos examinados e, se há alguma alteração, um exame simples para a verificação das pressões das artérias com um doppler manual (semelhante ao usado para ausculta fetal na gestação) deve ser feito. Se não há disponibilidade, uma consulta deve ser realizada com um cirurgião vascular.

O autoexame é muito importante. O paciente deve examinar os pés diariamente em um lugar bem iluminado. Quem não tiver condições de fazê-lo, precisa pedir a ajuda de alguém.  Deve-se verificar a existência de frieiras; cortes; calos; rachaduras; feridas; alterações de cor da pele (se está arroxeada) e das unhas (demoram a crescer); ausência de pelos. Uma dica é usar um espelho para uma visão completa. Nas consultas, pedir ao médico que examine os pés. O paciente deve avisar de imediato o médico sobre qualquer alteração dentro de 24 horas.

Uma condição que é diagnosticada tardiamente é o pé de Charcot, resultado de alteração na forma do pé após um trauma despercebido. Se houver inchaço, vermelhidão e a pele mais quente em um dos pés, o médico deve ser procurado imediatamente. A demora implica em desabamento dos ossos dos pés, principalmente no arco, com deformidade na maior parte das vezes irreversível. O tratamento requer repouso e uso de bota de gesso ou “robofoot” por 6 meses em média.

É preciso manter os pés sempre limpos, lavar com água morna, e nunca quente, para evitar queimaduras. A toalha deve ser macia e enxugar bem os pés, sobretudo entre os dedos, para evitar frieiras. A pele precisa ser hidratada com cremes emolientes, exceto entre os dedos, para evitar proliferação de fungos.

Use meias sem costura. O tecido deve ser algodão ou lã, evite sintéticos, como nylon.

Antes de cortar as unhas, o paciente precisa lavá-las e secá-las bem. Para cortar, usar um alicate apropriado ou uma tesoura de ponta arredondada.  O corte deve ser quadrado, com as laterais levemente arredondadas, e sem tirar a cutícula. Recomenda-se evitar idas a manicures ou pedicures dando preferência a um profissional treinado, o qual deve ser avisado do diabetes.  O ideal é não cortar os calos, nem usar abrasivos. É melhor conversar com o médico sobre a possível causa do aparecimento dos calos.

Não caminhe descalço na praia, piscina ou mesmo em casa. Traumas ocorrem em qualquer lugar se há insensibilidade. Os calçados ideais são os fechados, macios, confortáveis e com solados rígidos, que ofereçam firmeza. Procure usá-los à tarde e é importante olhar com atenção para ver se há deformação.  As mulheres devem dar preferência a saltos quadrados que tenham, no máximo, 3 cm de altura. É melhor evitar sapatos apertados, duros, de plástico, de coro sintético, com ponta fina, saltos muito altos e sandálias que deixam os pés desprotegidos. Além disso, recomenda-se a não utilização de calçados novos, por mais de uma hora por dia, até que estejam macios.

Fonte: Sociedade Brasileira de Endocrinologia 

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