O câncer de mama continua sendo o tipo de câncer mais frequente entre as mulheres no Brasil e uma das principais causas de morte por neoplasias no país.
Com o Outubro Rosa, campanhas em todo o Brasil reforçam a importância da prevenção, do rastreamento e do diagnóstico precoce. No entanto, os desafios persistem, principalmente em relação à desigualdade de acesso aos exames e tratamentos oncológicos.
Neste artigo, reunimos os principais dados atualizados e diretrizes vigentes para que médicos e médicas compreendam o cenário epidemiológico e reforcem o papel essencial da orientação clínica e da educação em saúde.

Incidência do câncer de mama no Brasil
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil deve registrar 73.610 novos casos anuais de câncer de mama entre 2023 e 2025. Isso representa uma taxa de 66,5 casos por 100 mil mulheres, mantendo a doença como a mais incidente entre os tumores femininos (excluindo o câncer de pele não melanoma).
As regiões Sul e Sudeste apresentam as maiores taxas de incidência, refletindo melhor cobertura diagnóstica, enquanto Nordeste e Centro-Oeste registram crescimento preocupante.
Durante o Outubro Rosa, o aumento temporário na busca por exames reforça o poder da conscientização, mas também evidencia a necessidade de políticas permanentes que garantam acesso equitativo durante todo o ano.
Mortalidade e desigualdades regionais
O câncer de mama permanece entre as principais causas de mortalidade feminina por câncer no país. Segundo o Atlas de Mortalidade por Câncer (INCA, 2024), as regiões Sudeste e Centro-Oeste concentram as maiores taxas de óbitos, seguidas por Nordeste e Sul.
Essas diferenças refletem desigualdades na detecção precoce, na infraestrutura hospitalar e na velocidade de acesso ao tratamento.
As campanhas do Outubro Rosa reforçam que o enfrentamento do câncer de mama não se limita ao diagnóstico — ele depende de uma rede de cuidado contínua, que envolva rastreamento, tratamento e reabilitação.
Rastreamento e diretrizes no SUS
O rastreamento organizado é a principal ferramenta para reduzir a mortalidade por câncer de mama.
O INCA recomenda a realização de mamografia a cada dois anos para mulheres de 50 a 69 anos sem sintomas e com risco habitual.
Em 2025, o Ministério da Saúde ampliou o acesso à mamografia para mulheres a partir dos 40 anos, mesmo assintomáticas, dentro do SUS. A mudança visa antecipar o diagnóstico e melhorar os desfechos clínicos.
Durante o Outubro Rosa, essa informação ganha ainda mais relevância: o médico tem papel essencial em orientar pacientes sobre a importância do rastreamento conforme faixa etária e perfil de risco.
O papel do médico no Outubro Rosa e além
O médico tem papel central na detecção precoce e no acolhimento das pacientes. Seja na atenção básica, na ginecologia, na medicina de família ou em especialidades correlatas, a conduta médica pode determinar o sucesso terapêutico.
Mais do que solicitar exames, é fundamental educar e conscientizar sobre fatores de risco modificáveis, como controle de peso, alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e redução do consumo de álcool.
O Outubro Rosa é um lembrete simbólico de que a prevenção deve ser contínua e integrada ao cuidado médico de rotina.
Conclusão
O panorama do câncer de mama no Brasil revela avanços importantes, mas também reforça os desafios na garantia do acesso ao diagnóstico e tratamento em tempo oportuno.
O Outubro Rosa é mais do que uma campanha de conscientização, é um movimento que convida a sociedade e os profissionais de saúde a manterem o compromisso com a detecção precoce e o cuidado integral durante todo o ano.
Para o médico, estar atualizado nas diretrizes de rastreamento e tratamento é um passo essencial para salvar vidas e promover um futuro com menos desigualdades no cuidado oncológico.
Referências
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA (INCA). Dados e Números sobre Câncer de Mama – Relatório Anual 2023. Rio de Janeiro: INCA, 2023. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/relatorios/dados-e-numeros-sobre-cancer-de-mama-relatorio-anual-2023.pdf. Acesso em: 28 out. 2025.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA (INCA). Controle do câncer de mama no Brasil: dados e números 2024. Rio de Janeiro: INCA, 2024. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/controle-do-cancer-de-mama-no-brasil-dados-e-numeros-2024.pdf. Acesso em: 28 out. 2025.
MINISTÉRIO DA SAÚDE (Brasil). Posicionamento oficial do Instituto Nacional de Câncer (INCA) sobre faixa etária recomendada para mamografia de rastreio. Brasília: MS/INCA, 2025. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/canais-de-atendimento/imprensa/releases/2025/posicionamento-oficial-do-instituto-nacional-de-cancer-inca-sobre-faixa-etaria-recomendada-para-mamografia-de-rastreio. Acesso em: 28 out. 2025.
MINISTÉRIO DA SAÚDE (Brasil). Câncer de mama – Saúde de A a Z. Brasília: MS, 2025. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/cancer-de-mama. Acesso em: 28 out. 2025.